segunda-feira, 30 de abril de 2012

O professor organizado: o plano de aula

Quando se fala em plano de aula, há professor que ainda se arrepia. Mas o que talvez ele não perceba é que o preparo e o uso de um bom plano de aula já seriam suficientes para revolucionar o ensino de milhares de professores. Vacilamos no ensino por não termos mapa. Erramos o alvo por não termos destino definido! O plano de aula simples, claro e bem elaborado, faz tudo isso e muito mais.

    O plano de aula traz muitas vantagens para o professor e os alunos:
  • Facilita o avanço da aula em direção ao alvo.
  • Proporciona economia e maior controle do tempo.
  • Lembra ao professor os elementos essenciais à aula (material, avisos, métodos).
  • Organiza o tempo do professor e a aula, evitando assim imprevistos, contratempos e detalhes esquecidos.
  • Incentiva o preparo prévio da aula.
  • Preserva o procedimento da aula num arquivo para uso futuro.
  • Facilita a avaliação e reformulação da aula.

Por isso, é importante reforçar: o plano de aula não é uma “camisa-de-força”, mas uma ferramenta para libertar nossa criatividade de modo organizado. O plano de aula existe para o professor e não o professor para o plano de aula!

Cada professor precisa de um plano. Mas o plano é servo do mestre e não o contrário. Por isso, é imprescindível que cada professor descubra como organizar e estruturar a aula conforme seu “gosto”, personalidade e habilidades.


1. Entendendo o plano de aula

Na página "Recursos", temos um modelo de plano de aula para você baixar. Observe-o com atenção, pois abaixo você encontrará a explicação de cada parte dele:
   
Objetivos
Os objetivos respondem à questão: “No final dessa aula o aluno deverá ser capaz de...”. Em geral, os objetivos envolvem aspectos cognitivos (o que o aluno deve saber), afetivos (o que deve sentir) e ativos (o que o aluno deve fazer). No entanto, nem sempre os três aspectos estarão presentes.
Na medida do possível, os objetivos devem ser: mensuráveis, breves, alcançáveis e práticos.

Material necessário
Aqui o professor deve anotar todo o material de apoio que precisará, para evitar o constrangimento de chegar ao ponto alto da aula e descobrir que deixou um recurso principal em casa.

Captação
O primeiro contato com o aluno não deve ser negligenciado! Por isso, a captação deve servir como um “gancho” que atrai a atenção do aluno para o tema da aula, levanta uma necessidade, desperta para uma realidade. Anote as idéias que surgirem: pode ser uma dinâmica breve, um vídeo, uma música ou outra atividade curta que chame a atenção para o tema da aula.

Explicação
É o corpo da lição, sua essência. Anote os métodos didáticos que pretende usar e quanto tempo cada método ou etapa da aula vai exigir.

Atividade dos alunos
O conteúdo teórico da lição pode ser enriquecido quando os alunos o praticam. Há vários tipos de atividades e o professor deve conhecer bem sua turma para planejar aquela que melhor se adaptará aos seus alunos.

Aplicação/desafio final
De que forma os conteúdos teóricos e as atividades desenvolvidas podem se aplicar à vida prática do meu aluno? A aplicação é o momento de refletir, discutir de que forma podemos transportar para a vida o aprendizado construído.

Avisos
Esse momento breve pode ser usado para criar uma expectativa quanto ao encontro seguinte ou avisar sobre eventos e atividades da igreja.

Avaliação/observações sobre a aula
Depois da aula o professor deve anotar suas próprias observações sobre o que funcionou ou não, como melhoraria a próxima aula, que recursos poderia utilizar em outras aulas.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Ensinando para transformar vidas



"Nossa tarefa não é causar uma boa impressão naqueles a quem ensinamos, mas provocar neles um impacto. Não é apenas convencê-los, mas levá-los a uma transformação de vida."

A frase acima resume bem o intuito do livro "Ensinando para transformar vidas", de Howard Hendricks. Esse é um daqueles livros que todo educador deveria ler não apenas uma vez, mas várias, especialmente nos momentos em que fazemos uma reflexão sobre nosso papel.

O autor apresenta as 7 Leis do Ensino eficiente:

1. A Lei do Professor:  "O professor deve conhecer muito bem o assunto que está ensinando. Um fraco domínio do conteúdo resulta num ensino deficiente." 

No ensino cristão, esse conhecimento de conteúdo é obtido tanto pelo hábito constante do estudo quanto numa rica experiência de vida.

2. A Lei do Ensino: "A verdadeira função do professor é criar condições para que o aluno aprenda sozinho. (...) Ensinar de fato não é passar conhecimento, mas estimular o aluno a buscá-lo. Poderíamos até dizer que ensina melhor quem menos ensina."
 
Para isso é necessário não apenas dominar a matéria, mas também conhecer muito bem os educandos.
 
3. A Lei da Atividade: "Não podemos transferir conhecimentos de nossa mente para a de outrem como se eles fossem constituídos de matéria sólida, pois os pensamentos não são objetos que podem ser tocados, manuseados... As idéias têm que ser pensadas na outra mente; as experiências, revividas pela outra pessoa."
 
Por isso, o educador deve envolver os alunos numa experiência altamente educativa. Lembre-se: "Ouço e esqueço; vejo e guardo na memória; faço e compreendo."

4. A Lei da Comunicação: "A tarefa do professor é despertar a mente do aluno, é estimular idéias, através do exemplo, da simpatia pessoal e de todos os meios que puder utilizar para isso, isto é, fornecendo-lhe lições objetivas para os sentidos e fatos para a inteligência... O maior dos mestres disse: 'A semente é a palavra.' O verdadeiro professor é o que revolve a terra e planta a semente."

Assim, é preciso construir pontes de ligação entre o comunicador e o receptor.
 
5. A Lei do Coração: "Como um professor pode deixar de manifestar uma atitude ardorosa e inspirativa se o assunto de que trata é tão impregnado de realidade?"

Nosso objetivo é atingir a personalidade como um todo - intelecto, sentimentos e vontade.
 
6. A Lei da Motivação: "A mente humana, até onde a conhecemos, é uma força que funciona ativada por motivações. Um relógio pode bater as horas junto a um ouvido; um objeto pode lançar sua imagem dentro de um campo visual. Mas a mente desatenta não ouvirá nem verá nada."

Daí surge a necessidade de descobrir e cultivar as motivações humanas intrínsecas.
 
7. A Lei da Preparação Prévia: "Há muitos professores que vão para a sala de aula totalmente despreparados ou preparados apenas em parte. São como mensageiros sem mensagem. Falta-lhes a energia e o entusiasmo necessários para produzirem os resultados que, centralizado em seu direito, devemos esperar de seu trabalho."
 
Por isso, educador e educando devem estar preparados para o processo ensino-aprendizagem.  
 
Quer aprofundar esses conceitos? Então, não deixe de ler "Ensinando para transformar vidas"!

Eu sei, mas não devia...

Olá, educadores PIBAM!

Hoje quero compartilhar um texto muito interessante sobre como a gente se acostuma a uma série de coisas na vida e passa a não questioná-las mais. Vale a pena refletir se não estamos fazendo o mesmo na família, na igreja.

EU SEI, MAS NÃO DEVIA...
                                                                                                                    Marina Colassanti

Eu sei que a gente se acostuma... mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos. E não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, o ar e a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo de viagem... A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia...

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone: “Hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava ser visto.

A gente se acostuma à poluição: às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro; à luz artificial de ligeiro tremor; ao choque que os olhos levam na luz natural; às bactérias da água potável; à contaminação da água do mar; à lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir os passarinhos; a não ter galo de madrugada; a temer a hidrofobia, os cães; a não colher fruto no pé; a não ter sequer uma planta...

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deve e de que necessita. A lutar para ganhar o dinheiro com que paga e pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro para ter com que pagar nas filas que se cobra.

A gente se acostuma... a ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos. A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.

A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta e que se gasta de tanto acostumar, e que se perde de si mesma...